A Cadeia da Moda: quem consegue gerir seus fluxos de caixa de impostos?

A Cadeia da Moda: quem consegue gerir seus fluxos de caixa de impostos?

16 de dezembro de 2021

#NutaxNaB3 é a nova série da Nutax onde traremos análises da carga tributária de companhias de capital aberto e transmitiremos conceitos importantes de gestão de impostos, a partir indicadores de performance que podemos encontrar nas demonstrações financeiras e demais relatórios publicados pelas maiores empresas do Brasil.

 

TEMA 6: A Cadeia da Moda: quem consegue gerir seus fluxos de caixa de impostos?

 

Nas empresas de consumo cíclico, a cadeia da moda é representada pelos subsetores da Indústria e do Comércio de Tecidos, Vestuário e Calçados.

Na Indústria temos ações negociadas de 20 empresas no total, sendo 16 delas relevantes* pelas suas receitas ou atividade. Entre essas indústrias temos nomes conhecidos como Hering (HGTX3), Grendene (GRND3) e, Alpargatas (ALPA4) e Coteminas (CTNM4), e elas justas apresentaram um saldo de tributos a recuperar consolidado de R$ 1,3 bilhões, que representaram 8,7% de suas receitas líquidas somadas (**).

 

No Varejo temos 8 empresas de capital aberto, entre elas Arezzo (ARZZ3), C&A (CEAB3), Soma (SOMA3), Renner (LREN3) e Riachuelo (GUAR3). Essas empresas e seus pares do segmento acumularam em 2020 um valor total de R$ 4,6 bilhões, que representou o equivalente a 19,4% das receitas líquidas geradas pelo Segmento no período. Ou seja, quase 1/4 do valor bruto obtido pelo Segmento com suas vendas, fica parado no seu ativo aguardando eventos de realização.

A Cadeia da Moda: quem consegue gerir seus fluxos de caixa de impostos?

 

Ao analisarmos o Capital Empregado destes dois setores, percebemos que o Varejo da moda possui um capital empregado sobre a ROL maior do que a Indústria, um sinal de que operar no Varejo pode trazer desafios tributários maiores do que atuar na Industria.

 

No Subsetor da Indústria da moda, o destaque positivo em 2020 foi para a Vulcabrás (VULC3), com um CWC/ROL de apenas 1,6%. A empresa apresentou um saldo de tributos a recuperar de apenas R$ 18,1 milhões sobre uma Receita Líquida de R$ 1,2 bilhões, muito abaixo portando da média do Subsetor de 8,7%.

 

A empresa que apresentou o maior capital empregado sobre ROL foi a Cia Hering, com um saldo a recuperar de R$ 456 milhões sobre uma Receita Líquida de R$ 1,07 bilhões.

 

No Segmento do Comércio, o destaque positivo entre as empresas relevantes ficou com a Arezzo Co. (ARZZ3), que apresentou um saldo de apenas R$ 45 milhões sobre uma Receita Líquida de R$ 1,6 bilhões.

 

A empresa do Segmento de Comércio que apresentou o maior capital empregado sobre ROL foi a Restoque (LLIS3), com um saldo a recuperar de R$ 198 milhões, equivalentes a 33% da Receita Líquida de R$ 598 milhões.

 

De maneira geral, é possível notar que nos dois seguimentos, que somados possuem pelo menos 25 empresas de capital aberto relevantes, apenas 2 delas apresentaram Capital Empregado negativo, sendo que, nos dois casos, foram impulsionados por passivos de parcelamentos tributários. Isso significa que, na essência operacional, todas as empresas de capital aberto possuem mais impostos a recuperar do que a pagar, o que evidencia que precisam usar parte do seu capital de giro para viabilizar suas operações diante pela dinâmica perversa dos tributos no Brasil.

 

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(*) Deixamos de considerar na análise empresas em recuperação judicial ou com receita anual abaixo R$ 100 milhões pelo fato de distorcerem as amostrar para os fins desta análise.
(**) Ao desconsiderarmos os resultados da Mundial S.A., que apresentou um Saldo Devedor de tributos no valor de R$ 857 milhões em razão de uma série de parcelamentos tributárias reconhecidos em suas demonstrações, os créditos acumulados do segmento passam a somar R$ 2,2 bilhões, equivalentes a 14,6% das receitas consolidadas do Subsetor.

 

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