#NutaxNaB3 é a nova série da Nutax onde traremos análises da carga tributária de companhias de capital aberto e transmitiremos conceitos importantes de gestão de impostos, a partir indicadores de performance que podemos encontrar nas demonstrações financeiras e demais relatórios publicados pelas maiores empresas do Brasil.
TEMA 4: Operação x História: a importância da análise do curto e do longo prazo
Os números de ativos fiscais de difícil realização que vimos até agora são realmente impressionantes. A dificuldade que alguns segmentos têm de enfrentar a complexidade da legislação e fugir de suas armadilhas fica clara, ao nos depararmos com os R$ 23,1 bilhões que as empresas do Subsetores de Alimentos Processados e Químicos da B3 carregam em seus balanços de 2020.
A análise do Capital Empregado total é o ponto de partida para começarmos a entender como a complexidade da legislação tributária brasileira influencia os fluxos de caixa operacionais das empresas.
Entretanto, para uma análise mais precisa, é fundamental que empreendedores e executivos analisem separadamente os saldos de curto e de longo prazo (ativos e passivos circulantes e não-circulantes).
Isso porque as ativos e passivos circulantes de tributos evidenciam de forma mais fiel a dinâmica das operações correntes da empresa. Eles representam como a tributação das atividades correntes da empresa de comprar, produzir, vender e prestar serviços impacta os resultados de fluxo de caixa do negócio.
Já os saldos de longo prazo, ou seja, dos ativos e passivos não-circulantes representam direitos e obrigações da empresa que ela espera realizar em mais de 12 meses.
Esses saldos podem conter valores que serão realizados no 13º mês subsequente à data base, mas podem refletir saldos dos quais a realização é imprecisa e de difícil mensuração. Podem reportar valores detidos há mais de 5 (cinco) anos e cujo horizonte de realização ainda sejam incertos.
No setor de Alimentos Processados, por exemplo, podemos identificar que, das 14 empresas, apenas 2 delas (Excelsior e Minupar) possuem o que chamados de Capital Empregado Negativo, que apesar do nome, reflete um bom resultado, e significa que as operações correntes das empresas colaboram com a geração operacional de caixa e não o contrário, como as demais.
Nos demais casos, é possível concluir que tributação das operações correntes das empresas acabam por gerar acúmulos de créditos, que podem representar que parte do caixa gerado pelas operações pode estar sendo endereçado diretamente aos cofres do Estado.
Quando analisamos o longo prazo, apenas a Jalles Machado apresentou saldo de tributos a pagar. Todas as demais empresas apresentaram saldos de créditos a recuperar, que podem representar créditos parcelados pela legislação (ICMS sobre ativo imobilizados, por exemplo) ou valores decorrentes de processos judiciais.
Já no subsetor de Químicos, temos duas empresas cujas operações correntes são geradoras de caixa: Unipar e Dexxos. O destaque aqui fica para Unipar, cuja operação gerou R$ 186 milhões de caixa. Isso significa que a empresa já cobrou de seus clientes o tributo que só será pago no mês e ano seguinte.
A Unipar foi também a única empresa analisada até aqui que apresentou Capital Empregado negativo de tributos tanto nas operações correntes como nos saldos de longo prazo. Um aprofundamento sobre a realidade operacional da empresa e sobre suas decisões estratégicas, certamente revelará quais aspectos do negócio resultam nesse contexto excepcional.
Todos esses cenários representam, cada um à sua forma, as armadilhas e oportunidades que a legislação tributária brasileira pode trazer e reforçam a importância da gestão profissional de tributos.
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